Camping do Parque Estadual do Rio Vermelho, em Florianópolis, ficará fechado nesta temporada
O diretor da Fatma justifica a ação pelas condições inadequadas da estrutura para uso coletivo e o número reduzido de usuários
Letícia Mathias @leticiam_ND FLORIANÓPOLIS |
Divulgação/ND
O turista Alexandre Barbosa é frequentador do Parque há quase 20 anos e nesta temporada terá que buscar outro lugar para armar a barraca na Capital
O que você acharia se em uma cidade turística como é Florianópolis, os restaurantes fechassem para o almoço? Ou se a principal via de acesso às praias do Norte da Ilha, a SC-401; ou ao Sul da Ilha, a SC-405, fosse interrompida para obras justamente no período de verão, época em que a cidade mais recebe turistas? Ou ainda: se um camping tradicional da Capital ficasse fechado durante toda a temporada por falta de condições de uso?
Bem. Não abrir restaurantes para o almoço e interromper a SC-401 ou a SC-405 para obras na alta temporada são assuntos que, neste momento, não passam de uma suposição. Mas fechar durante todo o verão um camping é a triste realidade atual na Capital. Assim, aqueles que gostam de acampar estão com uma opção a menos nesta temporada. O camping do PAERV (Parque Estadual do Rio Vermelho) ficará fechado durante todo o verão. Só está disponível para visitação.
Segundo o diretor da Fatma (Fundação do Meio Ambiente) e responsável pela gestão do parque, Paulo Mundt, a decisão foi tomada após uma análise das condições de uso, que “não estão totalmente adequadas”. Os motivos principais foram a diminuição do número de usuários nas duas últimas temporadas e a dificuldade financeira para a manutenção e investimentos necessários no camping.
A direção do parque havia encaminhado, no primeiro semestre, um projeto à Assembleia Legislativa para viabilizar a concessão da área do camping para a exploração da iniciativa privada. Mas não houve resposta. “A redução do número de frequentadores, o desequilíbrio financeiro e a não viabilização da concessão à iniciativa privada nos obriga a tomar esta decisão como forma de preservar os recursos públicos”, explicou Mundt.
Reajuste do valor seria uma saída
Para Mundt, a única forma de viabilizar o equilíbrio entre a receita e a despesa, aliado às melhorias nas condições de uso do camping, seria um reajuste dos valores cobrados dos usuários. Mas se o reajuste for feito hoje, o valor seria incompatível com a estrutura. Na última temporada, a diária, por pessoa, ficou entre R$ 10,00 e R$ 15,00.
A equipe da Fatma pretende encaminhar, nos próximos meses, um projeto de lei para que a unidade de conservação possa contar com um novo modelo de gestão para o camping na temporada 2012/2013. A intenção é que o camping funcione normalmente na próxima temporada, com um novo projeto, oferecendo conforto, praticidade, segurança e lazer a um custo compatível.
O diretor da Fatma entende que as unidades precisam ter um camping conceitual, que se integre à unidade de conservação, com construções e estrutura dentro do conceito da sustentabilidade. Segundo ele, o transtorno temporário é para proporcionar um espaço melhor aos usuários. “Nosso projeto deve ser lançado em fevereiro. Queremos padronizar os campings nas unidades de conservação. A prioridade é o Parque do Rio Vermelho”, afirmou Mundt.
Usuário confirma que estrutura é precária e cobra atenção do Estado
O campista Alexandre Silva Barbosa, 37 anos, analista de sistemas, é de Porto Alegre (RS) e frequenta o camping do Parque do Rio Vermelho desde os 18. Quando conheceu o local estava com os amigos e depois passou a frequentar o camping com a família e os filhos quase todos os anos.
Ele pega férias no início de janeiro e chega à Capital no dia 6. Nesta temporada, o acampamento será em outro local, ainda não definido. Alexandre lamentou o fechamento do parque para camping, mas confirma que a infraestrutura e a qualidade do serviço não estavam boas.
Segundo Barbosa, desde que o parque passou a ser administrado pela Fatma, o serviço piorou. “O problema está na administração. Ficou jogado às traças. Antes, quando estragava uma lâmpada, logo tinha alguém consertando. Agora, os banheiros ficavam entupidos, o recolhimento do lixo era deficiente, etc. O turista quer infraestrutura para desfrutar do meio ambiente”, afirmou.
Barbosa não concorda com a exploração pela iniciativa privada. Ele pensa que o Estado deveria cuidar e teme que, com a iniciativa privada, o meio ambiente seja desrespeitado. “Se isso acontecer, o Estado lavará as mãos. Vai ser aquele jogo de empurra-empurra e, se der algum problema, vão dizer que só cedem o espaço, que não têm responsabilidade”, reclamou.
Além disso, o analista de sistemas disse que não se importaria em pagar um valor mais alto, mas entende que poderiam ser tomadas medidas para evitar gastos “Não precisa ter piscina, por exemplo. Eles podiam colocar lâmpadas que consomem menos energia e tomar atitudes mais sustentáveis. Talvez um minimercado e outros atrativos para arrecadar fundos. Eu acharia justo”, disse.
Área foi aberta em 1975 e recebe gente até de fora do Brasil
O camping funciona desde 1975 e recebe turistas de todo o Brasil e do exterior. Atualmente, o camping tem capacidade para 600 barracas e 50 trailers e motor-homes por dia. Durante a temporada, cerca de 2,5 mil diárias costumam ser utilizadas no local, representando uma média de 30 pessoas por dia.
São 41.000 m² em meio à área verde e está localizado dentro dos limites do Parque Estadual do Rio Vermelho, entre a praia do Moçambique e a Lagoa da Conceição, na estrada geral do Rio Vermelho (Rodovia João Gualberto Soares) a aproximadamente três quilômetros do centrinho da Barra da Lagoa.
Publicado em 27/12-09:44 por: Letícia Mathias.
Atualizado em 27/12-11:28
Atualizado em 27/12-11:28
Lamentável o rumo que está tomando os campings no Brasil, precisamos lutar para que isso mude.
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