terça-feira, janeiro 14, 2014

Pipa+ cerol: fórmula para uma tragédia


Por: James Klaus
http://www.jnbonline.com.br/pipa-cerol-formula-para-uma-tragedia-2/








Pipa+ cerol: Fórmula para uma tragédia


As férias escolares estão aí. É hora da criançada extravasar a energia e as brincadeiras de bola, skate e vídeo game são as preferidas, bem como a de soltar pipa. Por trás da inocente brincadeira de empinar pipas há um rastro de ocorrências sinistras em vias públicas. Ao arrebentar a pipa dos outros no céu, o resultado são fios que muitas vezes ficam perigosamente estendidos na rua. O resultado do encontro entre motociclistas e fios de pipa podem ser desastrosos. Segundo a analista de desenvolvimento social Daniela Ribeiro, é muito difícil o piloto enxergar o fio cortante e geralmente ele é atingido na região do pescoço ou nariz, sendo que em 25% dos casos o piloto morre decapitado ou por hemorragia.

Em Joinville a situação preocupa, pois com o recesso escolar a quantidade de pipas nos céus aumenta. O socorrista do Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville, Jasper, comenta que já atendeu ocorrências dessa natureza. Na ocasião, além de sofrer a queda, a vítima teve um corte profundo no nariz, que quase foi amputado, diz ele. A estatística dos acidentes causados por pipas com cerol é incorporada às ocorrências de queda com motocicleta e não são especificadas no prontuário, explica. “Aparece como ‘queda de moto’, mas a causa da queda foi a linha com cerol, que após ficar estendida na via, é atingida pelo motociclista. É bem complicado!”, ressalta Jasper.



As leis

A proteção – parcial – contra fios com cerol e outro, o “fio chileno”, feito com quartzo moído e óxido de alumínio, ainda mais resistente, é prevista em lei. A Resolução 356 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) obriga o uso da antena de proteção para motociclistas profissionais. Descumprir a determinação resulta em multa e apreensão do veículo. O uso de cerol e similares também é proibido por lei, mas a falta de fiscalização –por parte dos pais e das autoridades – faz com que o uso de fio cortante continue sendo praticado livremente. A legislação brasileira proíbe a prática, proposta no Projeto de Lei 402/11, que diz ”a punição aplicada ao infrator seguirá a legislação penal brasileira, tendo como base a gravidade da lesão provocada na vítima”. Essa punição não se aplica a crianças e adolescentes. Esses estão sujeitos ao Estatuto da Criança e do Adolescente (Eca) na Lei 8.069/90. Em caso de acidente causado por linha cortante, os pais são responsabilizados.

Na matéria citamos os motociclistas como a maioria das vítimas. Porém, o fio cortante também é risco para ciclistas, pedestres e pássaros, causando mutilações e ferimentos em quem se deparar com a linha maldita. Ela tem o poder cortante de uma navalha. Cabe aos adultos orientarem e supervisionarem as crianças para que o cerol e a linha chilena sejam banidos das brincadeiras. A frota de motocicletas aumenta a cada ano, o que também aumenta a probabilidade de acidentes.



Proteção

Para se prevenir de acidentes, o melhor é utilizar a antena anti-cerol. Segundo o vendedor Daniel Bueno, a antena é muito procurada: “O cliente chega aqui na Jobrasil sabendo o que quer e consciente da importância do uso do dispositivo. Não custa caro e é fácil de instalar. Sou vendedor há 13 anos e já ouvi muitas histórias sobre vítimas do fio cortante e de fios de telefone, arrancados por caminhões e que ameaçam o motociclista principalmente à noite. Sem dúvidas, a antena faz a diferença nessas horas.”. O produto vendido na loja citada está de acordo com as normas da ABNT. Este detalhe é importante, pois existem modelos caseiros feitos em alumínio ou outros materiais menos resistentes que podem ser cortados facilmente pelo cerol.

Diante das leis e disposições sobre o uso de linha cortante, o fato é que os pais devem ficar atentos quando os filhos saem para soltar pipa. É inaceitável assistir de braços cruzados as estatísticas de mortos e acidentados crescer a cada dia, passivos. Soltar pipa faz parte da nossa cultura e não há nenhum mal nisso. Mas soltar pipa com fio navalha – ou permitir – e afirmar que é uma brincadeira saudável nos torna cúmplices e tão corruptos quanto àqueles contra quem protestamos.

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